domingo, 12 de julho de 2015

Cosmos

Deus é, o resto é expeculação
Acabei de ler a entrevista à Veja do astrofísico Neil Degrasse, que produz a nova série Cosmos, a mesma que Carl Segan fez a quase trinta anos atrás. Não é à toa que ele se auto-intitula continuador da obra de Carl Segan, uma espécie de discípulo desses cientistas, que embora insistam o contrário, são homens muito religiosos, e apesar de inteligentíssimos, não percebem que o tempo todo deixam vazar uma espécie de fé fanática, hora contrariando o método científico, que é a chave interpretativa da vida deles (o que não pode ser provado em laboratório, ou seja, repetido sob condições controladas, é falso e mentiroso), hora insistindo em comparações com o que religiosos dizem hoje, ou diziam a 500 anos, ou o que diziam a 3500 anos atrás...


Lembro que quando assisti a série Cosmos original (que é espetacular, recomendo!), Carl Segan se dirigia para uma série de meninos de um série primária, e lhes dizia que quando tivessem a minha idade atual (eu também tinha 10 anos em 1988) o Robble, que era um projeto, e que foi lançado alguns anos depois, descobriria com suas lentes poderosíssimas, a milhões de quilômetros da Terra, civilizações extra-terrestres, e isso mudaria a forma do ser humano enxergar a vida, Deus, teria acesso a novas tecnologias etc.

Enfim, o Robble foi, fez seu, trabalho, 30 anos se passaram, uma dezenas de outros super-telescópios foram lançados, indo cada vez mais longe... e olhando para trás, posso dizer que as afirmações de Carl Segan eram puro exercício de fé, ou melhor dizendo, de suas crendices. Aqui em Italva, diriam que ele é um "gabola", aquela pessoa que conta proza, afirma verdades do que não sabe.

Outra coisa, ele misturava a existência de outros seres como se isso fosse a prova da inexistência de Deus, já que a Igreja Católica, e depois, a Protestante, já terem afirmado que o ser humano é a coroa da criação, e logo, não existiria outra forma de vida inteligente em outros planetas. 

Bom, Deus não tem porta-vozes aptos a nomear o inominável, nem para restringir o que é infinito... Se eu quero colocar gado em um sítio em Macaé, porque deveria avisar a minhas vaquinhas de Italva? Da mesma forma, se Ele que colocar vida inteligente em um outro planeta, ele coloca, e eu não tenho nada com isso.

Voltando a Neil Degrasse, ele usa e mistura argumentos e exemplos de diferentes épocas, sempre com meias-verdades...

"As pessoas dizem "Deus te abençoe" quando alguem espirra porque na idade média se pensava que no espirro a alma saía do corpo e ficava sujeita a ação de demônios. Já a ciência mostra que isso é ação de bactérias.", diz Degrasse. Ora, isso é o que os religiosos pensavam em 1400. Os cientistas da época, e depois, durante muito tempo, faziam sangrias e usavam sangue-sugas para curar as pessoas... As pessoas dizem "Deus te abençoe" hoje, por uma questão de tradição, não há mal nenhum nisso... Até Pauster, bactérias eram uma icógnita para a ciência.

Ainda Degrasse: 

"Fiz uma pesquisa sobre Deus na internet e a lista é infindável, em qual acreditar?" Putz, a infinidade de Deuses não é culpa de Deus, mas da maneira como o homem, em cada época, tateando, tentava sentir ou raciocinar quem é Deus, tudo isso sob a ação, de tempos em tempos, de manipuladores, que torciam o que o que se dizia para proveito próprio. Ora, a infinidade de "Deuses" é compatível a infinidade de culturas. Ser diferente disso é querer fazer de Deus um censor. e Deus não tem nada com censura.

"se um desses Deuses é o verdadeiro, os outros são falsos, e isso levou a guerras terríveis" Mais uma vez o homem colocando a culpa em Deus pelas merdas que faz. Muito do mal que nos acomete na Terra é fruto do próprio mal que plantamos, ou ainda, fruto do mal que outros, em posição de maior força, nos submetem pelos mais variados desejos (que no fundo, se resumem a cobiça de poder). é mais fácil dizer que a culpa é desse Deus que não existe.

Mais: "se Deus está por trás de tudo, é muito bom em matanças. afinal, mais de 99,9% das espécies de seres vivos que passaram pela Terra forma extintas. Isso foi acaso resultado do acaso da natureza ou de decisões tomadas por Deus?" Primeiro, a morte é algo ruim quando nos fazemos puramente materialistas. Para quem sabe que há algo mais, e que a vida é uma passagem, até para os bichos e plantas (não me perguntem como, só Deus sabe), então o fim na Terra não é o fim. Em outras palavras, morrer faz parte da vida, e é continuação necessária dela, por mais que doa. Segundo, nunca houve tanta variedade biológica na Terra, nesses 4,5 bilhões de anos. Se meu tataravô ainda estivesse vivo, e o seu, na verdade, se as pessoas não partissem, não haveria espaço para mim nem para meus filhos.

O que está por trás desse último argumento é a falsa crença que se Deus é bom, e para ser Deus, tem de ser bom, então Ele não pode me fazer sofrer... Eu faço meus filhos sofrer, diariamente, não pela minha maldade, mas porque eles querem se matar o tempo todo, pulando de lugares altos, tentando tomar detergentes e desinfetantes... Querendo exercer em tudo seu egoísmo (afinal, são crianças). Eu os ensino, os proíbo, os adverto, os castigo na dose mínima, e eles sofrem, choram, até se expandirem, amadurecerem, tornando-se, graças a Deus, maiores e melhores. É só por isso que sofremos os sofrimentos inexplicáveis, sem causa, porque até isso, nessa passagem pela Terra, Deus aproveita para nos melhorar.

Enfim, tudo isso, no fim das contas, essa briga de ciência e religião, é fruto da perseguição que os cientistas sofreram no período do Renascimento, onde, de uma vez por todas, se dividiu as duas áreas, e se imbuiu seus seguidores de que para uma prosperar  a outra tem de ser eliminada. 

Os dois radicalismos só fazem mal para si mesmos. Quem abre mão da ciência e do pensamento cientifico, dá as costas para uma série de maravilhas que vem sendo descobertas ano a ano. Na verdade, quanto mais descubro sobre o universo, mas aprendo de Deus! Da mesma forma, quem abre mão de sua espiritualidade (e não da religião, da cultura de tradições religiosas, que batem de frente com o bom senso guiado pelo amor, que é puramente mágica, disso eu prego que se afastem!), sim, da espiritualidade, reduz-se ao tamanho do seu laboratório. Não consegue entender nem mesmo porque nascemos, sofremos e morremos. 

Nascemos, sofremos e morremos para amarmos, e amarmos cada dia mais profunda e sobriamente, porque Ele, Deus, é amor!

Leo
Italva, 12/07/15