De acordo com as descrições contidas nas lendas,mitos,tradições e relatos escassos,aquele siciliano que encravou uma arma perfurante no lado direito de Jesus Cristo entre a quarta e quinta costela por ocasião da crucificação,no Gólgota,era,na verdade,o centurião romano Gaio Cássio.
Longino,como todos o reconhecem,no auge dos Seus 28 anos de idade,havia sido recompensado com a promoção ao posto de comando militar para servir na Galiléia graças aos bons serviços prestados durante uns sete ou oito anos nos campos de batalhas como um bravo soldado valoroso do império.
Assim,não muito tempo depois de estar no novo local de trabalho,recebeu a incumbência de Pôncio Pilatos (magistrado do governo político dominante) para acompanhar os passos do aclamado "rei dos judeus",mais conhecido,na época,por Jesus de Nazaré,afim de evitar um possível levante contra os poderes institucionalizados de Roma,ali.
Logo após de a vida fluir e a história seguir o seu destino irrevogável,Ele se vê frente a frente ao Cristo crucificado entre os outros dois,Dimas e Gestas,e decidi perfurá-lo no flanco.
As consequências são imediatas,pois,jorram Nele "sangue e água" do buraco aberto no corpo do Messias;a cura dos problemas de visão que possuía acontece instantaneamente na sequência daquele derrame de vida pelo salpicar do sangue do Cordeiro Eterno em seus próprios olhos adoecidos;arrepende-se;converte-se;abandona o exército e torna-se em um pregador da Palavra do Evangelho na Capadócia.
Contos especulativos?Ou,realidades concretas improváveis?
Talvez,os dois,ficção e fato misturados e imantados não sem controvérsias e objeções.
E a Lança?
Pois é.
Transformaram-na em um relicário de poderes místicos,em algo que agrega em si vida própria capaz de catalizar forças espirituais descomunais e em um talismã ou amuleto de sorte sagrado,totêmico e mágico.
Difundiu-se,então,a idéia de um poder conquistador e protetor associado a Lança,conforme fica patente nas evoluções de designações que deram à Ela:Lança do Lanceiro,Lança Sagrada e Lança do Destino.
Pelo que se sabe há,até hoje,um fascínio sobre a sua real existência.Inclusive,estudos e mais estudos continuam sendo empreendidos para comprovar ou não a probabilidade de que o exemplar exposto na Casa do Tesouro do Hofburgo,na Aústria,ser da época da crucificação de Cristo ou de um outro período desconhecido.
Além do mais,dizem as más línguas,que esse grande tesouro da cristandade ficou de posse dos cristãos até o terceiro século da nossa era,quando por volta do ano 286 d.C. ela volta à cena nas mãos do comandante da Legião Tebana,Maurício.
A partir daí,o objeto faz uma viagem de mão em mão,de imperador à imperador,chega as famosas Cruzadas como símbolo máximo do poder de Deus nas rústicas batalhas,reaparece e fica,depois,na dinastia da casa real germânica por um longo tempo e vai para a Aústria em 1800 até ser transferida pelos auspícios de Adolf Hitler para Nuremberg,na Alemanha,em março de 1938.
Posteriormente,foi tomada pelos Estados Unidos da América e,a pedido da República Austríaca,devolvida ao museu de onde fora retirada a mando do líder nazista referendado.
Porém,quando resolvi escrever sobre isso,três coisas me serviram de argumento:
1 - Ter em mente a consciência de haver certo grau elevado de ignorância acerca do tema;
2 - Ter ficado espantado com o poder que um símbolo religioso tem em enfeitiçar tanto,para o bem e para o mal,a vida das pessoas e a própria história humana;
3 - Ter a convicção de que o poder,seja ele qual for,cega o coração de qualquer um do Transcendente e da Eternidade.
Enfim,penso como o salmista,por isso,repito o seguinte:
"Uma coisa disse Deus,duas vezes a ouvi:
que o poder pertence a Deus".
À ELE toda a Glória!
Em fraqueza e tremor,
Marcelos Louzada.