Encontrei com um velho conhecido, ontem, na piscina do Clube. Ele me falou de sua paixão pela igreja, e especialmente por um certo movimento - uma nova denominação, como os evangélicos chamam os diferentes agrupamentos em formato de igreja institucionalizada - que o encantou, segundo ele, pela "liberdade do Espírito", pelo pentecostalismo "equilibrado", pela "Visão" que permitiu que essa denominação crescesse muito em pouco tempo... Pela seriedade dos líderes...
Depois de ouvir meia hora de explanação apaixonada, falei a ele com todo cuidado possível de quem percebe a necessidade de dizer a verdade para alguém que apesar de, tal qual todo apaixonado, não querer outro ponto de vista...
- Amigo, uma coisa me incomodou no seu discurso. E isso não tem nada a ver com suas decisões de seguir um grupo, uma denominação, nem com o formato litúrgico que te agrada. Respeito todas elas, como gosto que respeitem minhas decisões.
Continuei eu:
- Mas uma coisa me incomodou. Em todo seu discurso, você não fez menção do nome de Jesus. É como se Ele estivesse de fora de tudo isso.
Antes que ele tentasse se desculpar, ou algo parecido, e eu não querendo deixa-lo embaraçado, finalizei:
- Você não tem de me dar explicação de nada a esse respeito. Só queria que você refletisse sobre o que move sua paixão... Pense a respeito, ok?
Virei as costas, me sentindo um pouco mal (porque grande parte das pessoas a quem faço esse tipo de observação passam a me evitar...) e saí pesando na quantidade de caras legais, do Evangelho, gente que tem zelo de Deus, que se dedica de corpo e alma, tal qual este, e muitos outros que tenho conhecido ao longo destes anos - a lista é enorme - que tem em comum esse detalhe...
O detalhe de fazer de Jesus apenas um detalhe...
Ah... Aquele que é a Verdade em forma de carne, com cara, palavras, gestos e atitudes todas compreensíveis, registradas nos Evangelhos, mostrando a todos qual a verdadeira face de Deus, o que Ele realmente deseja, anseia, valoriza, e, por outro lado, o que de fato é abominável a Ele, o que Ele detesta, o que o desagrada...
Tudo isso se entende quanto mais de Jesus se entender.
Tudo isso se aprende se de Jesus se aprender.
Jesus, o Pão da Vida... Que até multiplicou pães, mas mandou embora os que só estavam atrás de pão... De sustento fácil, malandro, de um Deus que te privilegia por você ser dele, contra os outros coitados que não tiveram essa informação histórica...
Não, não há espaço para a teologia da prosperidade aqui: Ele é pão, para algo muito maior que isso, relativizando inclusive o valor de bens e da riqueza material.
Jesus, a Luz do mundo... Que faz de nós pequenos luminares da luz que vem dEle, mas que não nos chamou para sermos "pop-stars" do evangelho. A luz é dEle, não de moveres, não de representantes iluminados, não de qualquer santo que apareça ou método qualquer que se possa criar... É sempre dEle, nEle e por Ele.
E quando a Luz vem... Olha, vem para nos mostrar quem somos, e bem aventurados os que escolhem permanecer debaixo da luz...
Jesus, que pregava a todos, de religiosos a prostitutas, de zelotes insurgentes nacionalistas a funcionários judeus do império romano que faziam parte da máquina de expoliar o povo.
Jesus, que não usava de seus milagres como artifício para enredar o povo, antes curava porque amava, e frequentemente insistia para que aquele evento fosse mantido em segredo...
Jesus, que via sua mensagem brotar especialmente entre os que ninguém queria...
Que tratava o adúltero, o corrupto com a gravidade que seu pecado exigia... Com amor, com perdão...
Mais amor, mais perdão, quanto maior for o moralismo sobre aquela atitude...
Porque quanto mais pecador eu me acho, só me sentirei perdoado diante de um Deus que mais ame, que mais perdoe, que maior seja que meu pecado...
Jesus, da paixão da Cruz...
Apenas Jesus...
Para alguns talvez seja pouco.
Mas Ele se revela, na verdade Ele deseja muito se revelar, inclusive para estes, inclusive para mim, mais isso só acontece no momento certo...
Oro para que em você, esse momento seja o de hoje, seja o de agora.
Porque alguns detalhes, às vezes apenas um estalo... Fazem um túnel desabar!
Até!
Leo
21/02/14.
