quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Caixinha de Surpresas
Viver é uma caixinha de surpresas.Que o diga a própria imprevisibilidade do fato
de existir;a temporalidade circunstancial do ser que somos;os mundos macro,micro e su
pra cósmicos; a impotência cosmovisional humana diante do elemento raro; as mutabili
dades variadas sofridas em decorrência do processo “metanoiano” da mente e as experi
ências inimagináveis com o desconhecido;entre muitas outras.
E a explicação é fácil:viver é um caminhar extremamente dinâmico e não um logi
cismo mecânico frio.É um cálice aberto,não uma redoma de vidro fechada.É uma experi
ência inebriante com o elemento lúdico do universo ambíguo que cada um tem dentro de si. É uma fantasia cômica real. É um filme de aventura no qual heróis e vilões desta
cam-se superficialmente como meros principiantes figurantes.É uma epopéia fascinante
que se constrói fincado no solo irreversível do dia-a-dia. É uma sombra. É uma idéia.É
um conjunto.É o somatório de um fôlego de vida .É tudo. É nada. É uma colcha de reta
lhos multicolorida existencial única.
No entanto,a completude integral de qualquer indivíduo não se dá pelo asentimen
to intelectual concatenado de umas poucas reverberações acerca do signo da vida. Vai muito além.Passa das teorias,ideologias, pressupostos filosóficos e nem bate à porta dos
processos políticos,econômicos,sociais ou religiosos do planeta.
O certo é que as idiossincrasias humanas respondem bem melhor do que as fórmu
las pitagorianas comportamentais ditam.
Diante disso , prefiro continuar vivendo conforme o roteiro estabelecido pela vida
de Jesus de Nazaré.
E , enquanto a outra dimensão da vida não chega , canto , todos os dias , para o mundo inteiro ouvir , “O que é,o que é ?” de Gonzaginha :
Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar, e cantar, e cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz.
Ah, meu Deus! Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
É a vida! É bonita e é bonita!
Que Deus nos dê Graça para melhor usufruirmos dessa “caixinha de surpresas”.
Marcelos Louzada.